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17 de fevereiro de 2009

Oposição reage e acelera campanha pelo Planalto


Um encontro de prefeitos dos partidos de oposição ao governo - PSDB, DEM e PPS - marcado para depois do carnaval, será o cenário onde a cúpula tucana irá apresentar, lado a lado, os governadores de São Paulo, José Serra, e de Minas Gerais, Aécio Neves, como pré-candidatos da legenda à presidência da República. O gesto representa a preocupação do partido em fazer um contraponto à superexposição da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, no clima de antecipação da campanha pela sucessão presidencial em 2010.

"A idéia é mostrar uma agenda positiva do partido e, sobretudo, buscar uma imagem de unidade para o PSDB", explica o deputado Rodrigo de Castro (PSDB-MG), um dos articuladores do encontro.

Segundo o deputado, o partido deve evitar o lançamento de um candidato unificado no momento para não desgastar a imagem do presidenciável tucano. Mas o gesto ensaiado para a reunião marcada para o dia 5 de março, em São Paulo, aponta para a realização das prévias, para a ocupação de um espaço precioso em um noticiário dominado por Dilma Rousseff e, sobretudo, para a aceleração de um embate político entre o candidato tucano e a ungida do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que, em tempos normais, só aconteceria em 2010.

"O principal agora é jogar as proposta do partido na mesa e evitar a exposição de picuinhas pela imprensa", acrescentou o deputado Rodrigo de Castro.

Fantasma

A divisão interna e seus efeitos eleitorais são velhos fantasmas evocados na sigla cada vez que se escolhe um candidato ao Palácio do Planalto. Em 2002, a disputa se deu entre José Serra e Tasso Jereissati (CE). As rachaduras diminuíram o poder de fogo de Serra, escolhido pelo partido para tentar suceder Fernando Henrique Cardoso, e colaboraram para sua derrota. A campanha de Geraldo Alckmin, em 2006, foi flagrantemente sabotada por seus opositores no partido.

O problema volta agora à cúpula do tucanato. O grupo não esconde sua preferência por Serra, já conhecido pelo eleitorado por ter se lançado candidato à presidência em 2002 e bem colocado nas pesquisas de intenção de votos. Mas tem plena consciência de que qualquer avanço contra Dilma será complicado por uma eventual ausência de Aécio Neves nos palanques. Governador do segundo maior colégio eleitoral do país e com bom trânsito no PMDB, Aécio não vai deixar barato para o partido se for atropelado por Serra. E exige a realização de prévias.

Os recados dados por Aécio ao comando do PSDB surtiram efeito. De início, apenas José Serra iria ao encontro dos prefeitos da oposição. Brilharia como estrela principal do evento que - juram os tucanos - não foi talhado como uma resposta ao evento realizado pelo Palácio do Planalto. O pé firme de Aécio em relação às prévias e o renascido clima de paquera entre o tucano e o PMDB mudaram os planos do partido.

Em visita a Brasília, na semana passada, Aécio deu prazo ao PSDB para a consulta de todos os diretórios na escolha do candidato tucano à presidência. Enquanto isso, conversava com os presidentes da Câmara, Michel Temer (SP) e do Senado, José Sarney (MA). Ambos caciques de um PMDB que não desistiu de atrair o governador mineiro para suas fileiras.

Dentro do PSDB, o gesto de Aécio Neves é visto mais como uma demonstração de força do que como sincera disposição para trocar de sigla. Essa mesma ala do PSDB defende o esquema da "fila", onde José Serra seria candidato agora e Aécio Neves teria de esperar a vez. O Senado seria o destino do mineiro em 2010. "O problema é convencer Aécio a ceder a vez e apoiar Serra. Essa é a função das prévias", diz um tucano de alta plumagem que prefere não ser identificado.

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