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19 de agosto de 2009

"Corrupção aparece quando se investiga"

Em inauguração de obras na favela Pavão-Pavãozinho, encravada entre os bairros nobres de Ipanema e Copacabana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que os casos de corrupção que vêm à tona decorrem da investigação que tem sido estimulada no país pelo seu governo. "A corrupção só aparece nos jornais quando você está investigando, se alguém denuncia. Se você quiser jogar embaixo do tapete, ninguém vai saber que tem corrupção. É só perguntar aqui no Rio de Janeiro ou de em qualquer lugar do Brasil quanto nós contratamos de policiais federais", disse ontem, na inauguração das obras de moradia popular na favela, como parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Em seu discurso no Pavão-Pavãozinho, Lula disse que seu governo tenta mudar a forma de fazer e compreender a política. "De vez em quando, a gente sofre com isso e sofre muito", disse, citando que 90% das investigações abertas pelo Tribunal de Contas da União e pela Polícia Federal são pedidas pela Controladoria Geral da União.

Lula reclamou do excesso de fiscalização sobre as obras públicas, o que acaba por atrasar os prazos de entrega, passando pela exigências ambientais e pelo crivo do TCU ou de concorrentes derrotados em licitações. O presidente, no entanto, culpou a própria legislação vigente. "O Brasil precisa ser destravado. As pessoas não levam em conta o prejuízo que tem uma obra parada de 8 meses, dois anos", disse.

A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, pré-candidata do PT a presidente e batizada de "mãe do PAC" por Lula, estava prevista para participar do evento, mas não compareceu. Na rua por onde passou a comitiva presidencial, a presença mais aguardada era mesmo a de Lula. Entre os vários moradores ouvidos pelo Valor, ninguém citou Dilma. "Nem sei quem é ela", disse um operário das obras e morador da favela à espera do presidente do lado de fora do ginásio onde ocorreria a solenidade de entrega das chaves das novas habitações. "Vim ver o Lula. Ele é o presidente", dizia.

Em entrevista a uma rádio local, Lula voltou a defender o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), alvo de diversas denúncias. Disse que seu apoio ao senador é para resguardar o Senado. "É menos do que apoiar o homem, é apoiar a instituição", afirmou e defendeu um "processo justo de investigação", mas se opôs ao que chamou de "esse oba-oba de denuncismo". "Isso não dá certo em lugar nenhum do mundo", afirmou.

Lula esteve depois em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, onde inaugurou mais obras do PAC sem a presença de Dilma Rousseff. O governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB) e o prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias, que acompanhavam o presidente, foram vaiados. Estudantes reclamaram da política de transporte público de Cabral e moradores de áreas não contempladas pelo PAC protestaram contra Lindberg.

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