Pages

Subscribe:

20 de outubro de 2009

Agnelli levantou da cadeira

No dia em que Presidente Lula diz que não dá para "ficar sentado na cadeira", Agnelli confirma US$ 12,9 bi para 2010. Ele entendeu o recado...estava no quase reestatização da Vale

Depois de uma reunião de mais de uma hora e meia com o Presidente Lula, Agnelli apresentou os planos de investimento da companhia para 2010, que somam US$ 12,9 bilhões (R$ 24,5 bilhões), o presidente da Vale, Roger Agnelli, disse ontem que "nem sonha" em sair do cargo.Sei. Enquanto Lula quiser. Não é mesmo?

Do total de recursos a vele irá desembolsar, R$ 15,5 bilhões serão investidos no país, o que segundo ele, é o maior plano de investimentos de uma empresa privada no mundo. Os investimentos, no entanto, já estavam programados. Antes da crise, a Vale pretendia investir US$ 14 bilhões. Reduziu para US$ 9 bilhões e depois voltou a US$ 12 bilhões, praticamente o mesmo valor anunciado ontem.

Mais cedo, diante de uma plateia de 300 empresários brasileiros e colombianos, entre os quais o próprio Agnelli, o presidente Lula disse que a direção da Vale não pode mais ficar "sentada em uma cadeira no Rio de Janeiro, achando que é grande". A frase foi dita em evento que contou com o presidente da Colômbia, Álvaro Uribe. Falando diretamente para Agnelli, Lula disse que o tempo de moleza acabou.

- Acabou o tempo em que o mundo era totalmente distante um país do outro e que a gente ficava aqui parado esperando alguém vir comprar.

Eu tô vendo o Roger ali sentado.

Aliás (a Vale) está fazendo investimento de US$ 380 milhões na Colômbia e pode até fazer um pouco mais porque ouvi dizer que lá tem muito carvão. Pois até o Roger sabe que não adianta a Vale do Rio Doce ficar achando que é grande, ficar sentado numa cadeira no Rio de Janeiro e não ir para a rua vender. É preciso disputar cada milímetro. Não existe moleza.







Sobre a relação com o presidente Lula, Agnelli disse que sempre recebeu apoio e carinho, e que o presidente está no seu papel ao cobrar das empresas mais investimentos: - A expectativa do presidente é a mesma que tenho dentro da empresa. Eu cobro de todos os meus diretores e gerentes o dia inteiro. Acho que o presidente está no papel dele. Ele é um craque nesse ponto -disse ele.

Da reunião com a Vale participaram ainda os ministros Dilma Rousseff (Casa Civil) e Guido Mantega (Fazenda), além dos representantes dos principais acionistas da Vale: Luciano Coutinho (presidente do BNDES), Sérgio Rosa (Previ), Oscar Camargo (representante do grupo japonês Mitsui) e João Moisés de Oliveira (da Bradespar).

Dos R$ 15,5 bilhões que a Vale aplicará em projetos no Brasil ano que vem, 51% serão aplicados em minério - 30% em exploração e 21% em logística.

Outros 31% serão destinados ao metais não ferrosos, 7% em carvão, 6% em energia e 3% em siderurgia.

Criticado pelo presidente de investir pouco no país, Agnelli lembrou que os recursos que a companhia aplicará em projetos aqui ano que vem correspondem a cinco vezes mais que a média anual pós-privatização (1997) e a 18 vezes o que era investido nos tempos de estatal da Vale.

A direção do Bradesco negou ontem que tenha intenção de fazer alterações na direção da Vale. O presidente do Conselho de Administração do banco, Lázaro de Mello Brandão, foi taxativo.

Estamos quietos.

Mais tarde, num evento da revista "Carta Capital", o presidente Lula foi indagado sobre o plano de investimentos da Vale, respondeu: - Se não for só no papel, estamos bem na fita.

Em evento, Lula cobrou da elite de empresários: - Vocês já conhecem Paris, Miami, Nova York. Mas precisam ir para Cabrobó, Floresta.

Gostaria que vocês vissem que essas pessoas já estão comendo chocolate da Nestlé, comprando produtos da Natura. As pessoas que moram no andar de baixo, estão subindo. Devagar, mas para o de cima - discursou.

A origem da aversão de Lula em relação à administração de Agnelli teve origem em dezembro quando, diante dos primeiros sinais de que a crise econômica global aportaria no Brasil, a Vale cortou investimentos e demitiu funcionários.Foram 1.200 demissões, 5.500 funcionários em férias coletivas e 1.200 realocados.

Para o Planalto, a decisão da Vale provocou uma reação em cadeia em outras empresas, o que teria acentuado os efeitos da crise no Brasil.

Presidente diz: "não preciso fazer as pazes com ninguém"

Passada a turbulência econômica mundial, o Planalto passou a investir na saída de Agnelli - indicado pelo Bradesco, um dos acionistas da Vale (a Bradespar detém 30% das ações) e que controla a companhia em parceria com os fundos de pensão Previ (Banco do Brasil), Petros (Petrobras), Funcef (CEF) e a japonesa Mitsui.

Antes da reunião com Agnelli, Lula disse que não seria necessário fazer as pazes com o presidente da Vale: -O presidente da República não precisa fazer as pazes com ninguém. Sou um homem de paz.

Citando a China como exemplo, a ministra Dilma Rousseff disse que o governo "tem a obrigação" de defender os interesses do povo brasileiro ao exigir a industrialização dos minérios no próprio país.

- Nós exportamos minérios e importamos produtos siderúrgicos da China, que custam muito mais e que tem neles agregado o valor do trabalhador chinês. O governo federal, que tem a obrigação de zelar pelo interesse do povo brasileiro, quer que não se exporte só minério bruto, mas que se agregue valor no Brasil.

Uma reivindicação que eu considero muito importante.

O presidente Lula lançou ontem um desafio para que os empresários brasileiros e colombianos dupliquem o comércio entre os dois países, que fechou 2008 em U$ 3,2 bilhões. Segundo ele, o fluxo de comércio entre Brasil e Colômbia poderia chegar a US$ 10 bilhões e o investimento do Brasil no país vizinho deveria ultrapassar os atuais US$ 1,3 milhão.

A mineração é atividade que agrega valor. Tirar minério do morro quando ele não vale nada e aplicar tecnologia para transformar em algo rentável, é agregar valor

ROGER AGNELLI, presidente da Vale

Até o Roger sabe que não adianta a Vale ficar achando que é grande, ficar sentado numa cadeira no Rio de Janeiro e não ir para a rua vender. É preciso disputar cada milímetro. Não existe moleza

PRESIDENTE LULA

0 Comentários:

Postar um comentário