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28 de outubro de 2009

Tasso recua e sinaliza voto favorável à Venezuela

Responsável por relatar a proposta de adesão da Venezuela ao Mercosul, o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) mudou de discurso e sinalizou, ontem, que poderá alterar seu parecer para permitir a entrada do país no bloco, com restrições. O relatório deve ser votado amanhã na Comissão de Relações Exteriores do Senado. Governistas analisam o possível recuo como uma forma de a oposição tentar impedir a aprovação de um acordo amplo com a Venezuela.

Com a alteração do relatório de Tasso, PSDB, DEM e senadores da base, como os ex-presidentes Fernando Collor de Mello (PTB-AL) e José Sarney (PMDB-AP), tentarão vetar um texto sem restrições à adesão daquele país ao bloco econômico, que será apresentado à parte pelo líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR).

No início do mês, Tasso apresentou um parecer contrário à adesão da Venezuela ao Mercosul e fez duras críticas à parceria com um país governado por um presidente "antidemocrático". Ontem, ele disse que "está estudando" a possibilidade de um acordo para aprovar a entrada da Venezuela, desde que haja garantias concretas de que "o modelo autoritário e preconceituoso (do presidente venezuelano Hugo Chávez) não "será exportado".

Tasso sinalizou com essas alterações depois de participar de audiência, no Senado, com o prefeito de Caracas, Antonio Ledezma, um dos principais opositores a Chávez. Ledezma, que defendia o veto à entrada da Venezuela ao bloco, pediu a aprovação como forma de o Brasil ajudar no controle das ações de Chávez e "impedir" a violação de princípios democráticos naquele país. "Sou partidário da integração desde que o presidente se comprometa a respeitar as regras", disse Ledezma.

A proposta de "garantias extras" da Venezuela para entrar no bloco é inócua, na análise do embaixador Regis Arslanian, representante do Brasil junto ao Mercosul. Segundo o embaixador, o protocolo é suficiente para garantir o cumprimento das regras do Mercosul. "O comprometimento se dá assim que o país adere ao protocolo e o documento entre em vigência", explicou. A Argentina e o Uruguai já aprovaram a adesão. Faltam Brasil e Paraguai.

O protocolo deve ser votado amanhã na Comissão de Relações Exteriores, mas o voto do texto em plenário deverá ser adiado. Há forte resistência no Senado sobre a adesão da Venezuela, inclusive de governistas. Ontem, o presidente do Senado, José Sarney, reafirmou ser contrário à proposta pelas atitudes antidemocráticas de Chávez. "A cláusula democrática é definitiva e o Brasil tem compromisso com ela", disse.

O PSDB, único partido que votou em bloco na Câmara contra a adesão da Venezuela, mantém a posição no Senado. "O Mercosul já não está ? bem das pernas ? . Será que vai aguentar Chávez?", comentou o líder do partido no Senado, Arthur Virgílio (AM). O governo, no entanto, espera pela aprovação. "É um acordo entre Estados, que vai além de governos", disse João Pedro (PT-AM). Para o ministro da coordenação política, Alexandre Padilha, seria o fim do isolamento da Venezuela perante o principal bloco comercial sulamericano e a "abertura de um corredor comercial norte no continente."

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