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7 de outubro de 2010

Voto feminino foi decisivo para levar a eleição ao 2ºturno, dizem especialistas

Repetindo um padrão observado nas eleições presidenciais de 2002 e 2006, o eleitorado feminino foi decisivo para adiar o desfecho das eleições, segundo cientistas políticos e demógrafos que estudam o voto das mulheres. Além de serem a maioria do eleitorado brasileiro (cerca de 52%), as mulheres são maioria também entre os eleitores indecisos (cerca de 60%), e foi essa fatia que engordou os resultados da verde Marina Silva (principalmente) e do tucano José Serra na reta final do primeiro turno, em detrimento da petista Dilma Rousseff.

Levando-se em consideração só o eleitorado masculino, Dilma seria eleita, no 1oturno, com 54% dos votos válidos, segundo a última pesquisa do Instituto Datafolha, e segundo o Ibope. As mulheres mais conservadoras foram as que mais transferiram seus votos, provavelmente influenciadas pela ação de grupos religiosos que associaram Dilma a uma posição favorável ao aborto, dizem os especialistas: - A proposta de Marina Silva de deixar uma questão moral, como o aborto, para ser resolvida por plebiscito, somada à pressão de grupos religiosos convenceram o voto feminino conservador, especialmente em regiões mais atrasadas e fora dos grandes centros urbanos, a mudar de posição - diz Maria do Socorro Sousa Braga, cientista política da Universidade Federal de São Carlos (Uscar).

Fatia de mulheres indecisas é o dobro da de homens Descontando-se os erros de precisão de alguns institutos de pesquisa nestas eleições, a evolução do voto feminino e masculino, medida pelas pesquisas Datafolha e Ibope nas últimas semanas, dá uma idéia da fuga do voto das mulheres de Dilma. Segundo o Datafolha, o índice do votos femininos em Dilma caiu de 47%, na sondagem de 21 e 22 de setembro, para 42%, às vésperas das eleições, este mês. Já os percentuais de votos femininos em Serra passaram de 28% para 30% no mesmo período. E, para Marina, a alta foi ainda mais significativa: de 14% para 18%.

Segundo a socióloga Fátima Pacheco Jordão, do Instituto Patrícia Galvão, a fatia de mulheres indecisas, no universo total de votos femininos, é o dobro da fatia de homens indecisos. Para ela, as mulheres são mais cautelosas, em parte porque percebem a política como um território eminentemente masculino - do qual, historicamente, foram alijadas. Ao empurrarem a decisão para o último momento, são afetadas pelas ações de grupos de pressão: - Como o voto dos indecisos não é precisamente contabilizado nas pesquisas, novas tendências acabam nebulosas, o que é fatal num cenário de disputas resolvidas por um ou dois pontos percentuais.

Ela observa que o perfil político das mulheres explica também a vantagem de Serra e Marina no eleitorado feminino: - Enquanto os homens estão focados na política partidária e de poder, preocupados com disputadas ideológicas ou programáticas, as mulheres estão voltadas para a micropolítica ou políticas públicas, atentas a questões como vagas em escolas, atendimento em postos de saúde, incluindo questões femininas, como essa discussão sobre o aborto. E tanto Marina quanto Serra foram mais específicos nesses pontos, ainda que todos tenham um discurso desprovido de propostas claras.

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